S. Salvador, a primeira cidade construída por portugueses no ano 1492, em Angola.
Em 1509 após a morte do "Manikongo" Nzinga a Nkuwu ou Nkuwu Nzinga (o soba que se encontrou com o Navegador Diogo Cam, em 1486). Sucede-lhe o filho Nzinga
Mbemba, baptizado com nome "Afonso", na luta pelo poder desencadeou uma batalha contra o seu irmão Mpanzu a Kitima, que foi
morto na batalha. Após ter matado o irmão, Afonso Nzinga Mbemba é eleito soba do Kongo governou de 1509 a
1542. O seu longo governo e poder assentou no tráfico de
escravos. Afonso Nzinga Mbemba morre em 1542.
Sucede-lhe Pedro Nkanga a Mvemba que, em 1545
foi derrubado pelo seu sobrinho Diogo Nkumbi a Mpudi. Pedro Mvemba foi forçado a refugiar-se em uma igreja em São Salvador, onde lhe foi dada protecção até ele pedir asilo aos portugueses. Diogo Nkumbi a Mpudi apodera-se do poder e
inicia as primeiras guerras civis entre tribos, estão documentadas em um
inquérito legal que ele conduziu em 1550, por uma conspiração do
ex-soba Pedro Nkanga a Mvemba para recuperar o poder. A suposta
conspiração foi orquestrada na igreja em que Pedro Nkanga Mvemba se refugiou. Os kongoleses que permaneceram leais a Pedro Nkanga Mvemba e se opunham a Diogo Nkumbi Mpudi, desencadearam vários confrontos de
guerras. Diogo Nkumbi a Mpudi morre em 1561.
Sucede-lhe Afonso Mpemba a Nzinga, pouco se sabe sobre este soba, teria sido um
filho ilegítimo de Diogo Nkumbi a Mpudi. Afonso Mpemba a Nzinga logo após assumir o poder em
1561 foi assassinado pelo seu meio irmão Bernardo, que governou de 1561 a 1567.
Em 1567, Bernardo viria a ser morto numa luta contra os Jagas
(Anzikus ou Yakas) travada na fronteira oriental de
Kongo. Sucede-lhe Henrique Nerika Mpudi que
governou, um ano. Em 1568 Henrique Nerika Mpudi foi morto numa luta contra o BaTeke da tribo Anziku, nas fronteiras do Kongo. Álvaro Nimi Lukeni lua Mvemba é eleito soba Manikongo, as guerras dos Jagas criaram um grande problema para Álvaro Nimi a Lukeni lua Mbemba, foi obrigado a abandonar a capital São Salvador e fugir para uma ilha no rio Zaire. A partir dessa ilha ele procurou a ajuda de Portugal para recuperar o poder e expulsar os Jagas, Álvaro Nimi a Lukeni Mvemba recuperou o poder e governou até 1587, ano da sua morte.
É sucedido por Álvaro II Nimi-a-Nkanga, mas não assumiu o poder sem antes combater contra o irmão, que foi derrotado. Durante o seu governo, além dos problemas com o irmão, Álvaro Nimi Nkanga enfrentou sérios problemas com outros membros das tribos no Kongo e com os Jagas, e tem início uma guerra civil.
Por sua intenção de criar um clero Congolês e um bispado
em São Salvador, e reconhecer o Kongo como parte da comunidade cristã. Em 20 de Maio de 1596, Frei Miguel Rangel, é nomeado Bispo do Kongo e de Angola, foi o primeiro Bispo do Kongo e de Angola, a Igreja de Santa Maria é elevada a Catedral. São Salvador é reconhecida como a capital da Diocese do Kongo e de Angola. Os portugueses oferecem uma bacia em prata para Pia Baptismal da Catedral de Santa Santa Maria.
A bacia em prata, c.1580, tem cerca de 53 cm de diâmetro por 12,3 cm de fundo, em sua borda de 6,5 cm foram gravadas em relevo diversas figuras: pessoas, animais e plantas. Fonte: kunstmuseum-siegen.
O Manikongo Álvaro Nimi-a-NKanga com os portugueses cogitam o envio de uma embaixada a Roma. Mas a decisão está sujeita a atrasos devidos a lutas e rivalidades entre tribos que não queria um reino Cristão.
Após a morte de Frei Miguel Rangel, primeiro bispo do Kongo e de Angola, em 10 de Maio de
1602, é tomada a decisão de enviar uma embaixada a Roma. Álvaro Nimi-a-NKanga escolhe para embaixador António Manuel Nsaku Ne
Vunda, de um clã de Mbata, que parte para Roma para uma audiência com o Papa Paulo V. Esta foi a primeira visita de um africano à Santa
Sé. António Manuel Nsaku Ne Vunda chegado a Roma a 3 de
Janeiro de 1608, adoece gravemente, impossibilitado de se encontrar com o Papa Paulo V este visita-o no seu leito de morte. António Manuel Nsaku Ne Vunda faleceu a 6 de Janeiro de 1608. Segundo a história, "o Papa Paulo V
desenvolveu tal afeição pelo embaixador, que conhecia há apenas dois dias, que
ele insistiu em que fosse sepultado na Basílica de Santa Maria Maior. Roma,
Estados Papais. Onde se encontra o seu busto esculpido em mármore.
Papa Paulo V visita António Manuel Nsaku Ne Vunda, no seu leito de morte.
Em 10 de Março de 1609, o soba Manikongo Álvaro
Nimi-a-Nkanga, foi agraciado com o título de "Cavaleiro da Ordem de
Cristo" a cerimónia de consagração foi realizada na Catedral de Santa Maria, em S. Salvador do Kongo, por Frei Manuel Batista
Soares, primeiro Bispo do Kongo e de Angola, a benção foi feita com a água benta da
bacia de prata (datada por volta de 1580), Pia Baptismal da Catedral de Santa
Maria.
Álvaro Nimi-a-Nkanga morre em 1614. Sucede-lhe o
seu filho Bernardo Nimi a Nkanga que governou apenas, um ano, de 12 de Agosto
de 1614 a Agosto de 1615. Seguem-se uma série de rivalidades e lutas entre
tribos, alguns sobas duram pouco menos de um ano na chefia do Kongo.
Como os dois últimos sobas de Kongo, Bernardo Nimi
a Nkanga pertencia à tribo Kwilu kanda. Bernardo Nimi a Nkanga morre em Agosto
de 1615. Sucede-lhe Álvaro Nimi a Mpanzu, da tribo Kwilu, governou o Kongo de
Agosto de 1615 a 4 de Maio de 1622. Álvaro Nimi a Mpanzu, morre em 1622,
o seu filho Ambrósio era muito jovem para ser soba Manikongo.
Em 1622, os membros do sobado elegeram Nkanga a
Mvika, um kinkanga, fundador da tribo Nsundi, em Mbamba, governou dois anos sob
nome de Pedro Nkanga a Mvika, morre em 1624. A 27 de Abril de 1624,
sucede-lhe o filho Garcia Mvemba a Nkanga, da tribo Nsundi, governou dois anos.
Em S. Salvador, os membros do sobado não estavam dispostos a permitir a
continuação no governo membros da tribo Nsundi. O chefe da tribo kwilu, Manuel
Jordão, parte com um exército e avança sobre São Salvador, onde a 7 de Março de
1626 trava uma batalha contra o soba Garcia a Nkanga que foi derrubado e
fugiu para Soyo. A tribo Kwilu kanda recupera o poder e Manuel Jordão ajuda
Ambrósio Nimi a Nkanga a ser eleito soba do Kongo, governou de 1626 de Março a
7 de Março de 1631. Ambrósio Nimi a Nkanga lutou contra o seu benfeitor Manuel
Jordão e conseguiu removê-lo do seu posto de Nsundi, exilando-o em uma ilha no
rio Kongo.
Este não seria o fim dos problemas do soba Ambrósio
Nkanga, durante o seu governo foi assolado por constantes rumores de
conspiração e mobilizações de guerra, que culminaram em uma revolta massiva a 7
de Março de 1631, onde Ambrósio foi assassinado. Sucede-lhe Álvaro IV Nzinga a
Nkuwu, de 1631 a 1636. Ele chegou ao poder durante um
período de grandes conflitos e motins no Kongo.
O chefe de Mbamba, Mwene Daniel Silva, marchou com
a tribo sobre São Salvador onde se desenrolou uma batalha em
1631, Álvaro IV Nzinga a Nkuwu ganhou a batalha, morre envenenado em
1636, sucede-lhe Mpanzu a Nimi, sob nome de Álvaro V, da tribo
Kimpanzu Kanda, por um curto período, cujos opositores lhe
dificultavam o poder por inveja, travou uma batalha contra o irmão, foi derrotado.
Seis meses depois, fez uma segunda tentativa, na
qual viria a ser assassinado pelo seu primo Nimi a Lukeni a Nzenze a Ntumba,
que assumiu o poder em 27 de Agosto de 1636, sob nome de Álvaro VI Nzenze a
Ntumba, antes já tinha tentado matar o seu primo Álvaro V Mpanzu a Nimi e o seu
irmão Garcia que viria a ser o seu sucessor.
Álvaro VI Nzenze a Ntumba durante o seu
governo de cinco anos, abandonou a região de Makuta e cedeu-a ao Mani Soyo,
Daniel Silva, em 1637. Álvaro VI Nzenze a Ntumba, morre a 22 de Fevereiro de
1641. Sucede-lhe o seu irmão Nkanga a Lukeni a Nzenze a Ntumba, de 23 de
Janeiro de 1641 a 1661, sob nome de Garcia ll Lukeni a Nzenze a Ntumba, o
célebre "Kipaku" (que significa incerto), tanto se mostrava amigo dos
portugueses como inimigo.
Garcia Lukeni a Ntumba, dando continuidade às
guerras tribais, em Soyo trava uma guerra contra o Mani Soyo, Daniel Silva,
onde foi derrotado ao tentar apodera-se da área fortificada do Soyo, em Mfinda
Ngula.
Garcia Nkanga a Ntumba "Kipaku", baseou o
seu governo e riqueza no tráfico de escravos. Mal os holandeses põem os pés em
Angola, tratou de fazer alianças com a Companhia Holandesa das Índias
Ocidentais. Em agradecimento pelo acordo no comércio de escravos, realizado com
os holandeses, e ajuda destes nas suas lutas contra o Mani Soyo Daniel da
Silva, e contra os sobas amigos e fieis aos portugueses, onde devastava os seus
sobados na captura de escravos, presentou várias vezes Johan Maurits
van Nassau-Siegen, então, governador, pela Companhia Holandesa das
Índias Ocidentais, para o Brasil. Entre outras coisas: escravos, peles de tigres,
marfim (dentes de elefantes), chapéus de pele de castor.
A Sul dos Dembos a devastação aos sobados
e os massacres na captura de escravos, leva as gentes da região de Nsala a uma
revolta contra Garcia Nkanga Lukeni a Ntumba este pede ajuda aos holandeses que lhe mandam 50 soldados, abrem fogo sobre os rebeldes, matando centenas de rebeldes e outros em fuga desordenada são capturados centenas de rebeldes. A rebelião foi sufocada, 'Rebelião Nsala' ano 1642 a sul
dos Dembos.
Holandeses no combate aos povos no sul dos Dembos "Rebelião do Nsala".Garcia Nkanga a Lukeni Ntumba em agradecimento pela ajuda, e reafirmando a aliança com os holandeses, presenteou Johan Maurits com 200
escravos capturados das fileiras dos rebeldes de Nsala, peles de tigres, marfim, e chapéus de pele de
castor. E, ainda presentes
famosos, como uma antiga bacia de prata (datada de 1580) oferecida
pelos portugueses em 1609, para Pia Baptismal da Igreja de Santa Maria já
denominada "Catedral de Santa Maria".
Garcia
Nkanga a Lukeni Ntumba manda uma embaixada de bakongos portadores dos
presentes e de uma carta: "com pedido de desculpa por os
escravos serem tão poucos", e se mostra satisfeito com
a aliança Kongo-Holanda, e informa que disponibilizava fortalezas e outras facilidades
comerciais para o tráfico de escravos. A embaixada bakongo chega
ao Recife em principio de 1643. Os escravos não passaram para a propriedade da WIC,
mas sim como propriedade de Johan Maurits que viria a vende-los à Companhia das Índias Ocidentais no Brasil ".
Os
presentes trocados consta em cópia de uma carta mandada ao soba Garcia Nkanga
Ntumba: dizendo "...E duzentos escravos recebidos, foram vendidos à
Companhia das Índias Ocidentais no Brasil ".
Duzentos escravos podiam render facilmente setenta mil florins no Recife, ou mais de três anos de salário de Johan Maurits, ilustrando os lucros potenciais a serem obtidos com o comércio de escravos.
Em 1642 Johan Maurits implorou à Companhia Holandesa das Índias Ocidentais para colocar Loanda sob sua administração.
No comércio de escravos Johan Maurits não estava apenas envolvido pessoalmente com Garcia ll Nkanga Lukeni a Ntumba. Ele lucrava pessoalmente com o comércio e tráfico de escravos da África para o Brasil. Muitos dos escravos exportados para o Brasil, ele os negociava para ganho pessoal, com outros fazendeiros holandeses e inclusive com os seus patrões da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Esse fluxo de receita se relacionava com sua renda 'oficial' de salário e espólios.
Com a colaboração Garcia ll Nkanga Lukeni a Ntumba, Johan Maurits se tornou conhecido por grande comerciante de escravos, possuía dezenas de escravos, no seu próprio engenho (fazenda), que ele marcava com seu monograma.
Durante seu governo de sete anos, pelo menos 24.000 homens, mulheres e crianças foram transportados para o Brasil holandês. Muitos não sobreviveram à viagem.
Johan Maurits de regresso à Europa em 1644, levando entre seus tesouros a bacia baptismal, de prata, da Catedral de Santa Maria de S. Salvador do Kongo. Em 1658 viajou para Frankfurt, lá encaminhou a bacia de prata ao ourives Hans Georg Bauch, encomendando-lhe que dentro a revestisse de ouro e que adaptasse um pedestal, e mandou inserir o brasão de armas de Nassau. Depois de pronta, ele doou a bacia para a Igreja Evangélica de Siegen, para Pia Baptismal, tornando-se um tesouro da Igreja Evangélica de Siegen, Alemanha, onde permanece até hoje.
Pia baptismal de prata, c.1580, revestida em ouro, tem 53 cm de diâmetro, 12,3 cm de altura. Fonte: Igreja Evangélica de Siegen, Alemanha.
Oferecida por portugueses para a Catedral de Santa Maria. Em 1642 foi presenteada por Garcia ll Nkanga Lukeni a Ntumba a Johan Maurits, então, governador do Recife-Brasil, em agradecimento ao acordo sobre o comércio de escravos.
Garcia a Ntumba Nkanga "Kipaku", morre em 1661. Sucede-lhe o filho Nvita a Nkanga, sob nome de António Nvita a Nkanga, dando continuidade às guerras tribais. Os vários conflitos tribais as sucessivas disputas na sucessão ao poder no Kongo, invasões estrangeiras: holandeses, ingleses, americanos, franceses, alemães e alguns resquícios espanhóis da chamada "União Ibérica", as guerras dos Jagas, a seca e a fome levaram a guerras civis intermitentes durante cerca de 55 anos.
A 29 de Outubro 1665 António Nvita Nkanga com apoio dos holandeses e alguns resquícios espanhóis da chamada "União Ibérica", e com um exército de bakongos trava uma batalha em Ambuíla, onde é derrotado e decapitado por um quilamba da "guerra preta".
Em Novembro 1665, sucede-lhe Afonso II de Kongo e Nkongo, eleito pela tribo Kimpanzu e apoiado pelos seus partidários no Soyo. Quando a morte do soba Manikongo António Nvita a Nkanga, morto na batalha em Ambuíla, foi divulgada aparece um parente seu de nome Mpanzu-a-Mabondo (um kimpanzu) sob nome de Álvaro VII, depõe Afonso II de Kongo e Nkongo, e em Dezembro de 1665 Álvaro VII Mpanzu-a-Mabondo fez-se eleger soba Manikongo, após um mês de assumir o poder, o novo chefe no Soyo, Paulo Silva, marchou sobre São Salvador e assassinou Álvaro VII Mpanzu-a-Mabondo, e colocou como Manikongo, Mvemba a Mpanzu (um kilanza), sob nome de Álvaro VIII Mvemba a Mpanzu, governou de 1666 a 1669.
E surgem uma série de conflitos e guerras tribais. A guerra civil estava em curso, o chefe de Mbemba, Nsimba Ntamba, liderando um pequeno exército, atacou Mbamba e matou o chefe Teodósio, de seguida invadiu a capital São Salvador assassinou Álvaro VIII Mvemba a Mpanzu, e proclamou-se soba do Kongo sob o nome de Pedro III Nsimba Ntamba, por um período curto, até Junho de 1669. Os Kilanza e os Kimpanzu lutavam fortemente pelo poder.
Em Junho de 1669, o kilanza Pedro Nsimba Ntamba foi derrubado por Álvaro IX Mpanzu a Ntivila (um kimpanzu), e forçou Pedro Nsimba Ntamba a sair do Kongo, este fugiu para Lemba de onde continuava a lutar contra os Kimpanzu, a tribo Kimpanzu era simpática a Soyo e recebia ajuda dos holandeses que se tinham instalado no Zaire, dando continuidade ao tráfico de escravos.
O soba Pedro Nsimba Ntamba refugiado na fortaleza de Lemba, nas montanhas Kinlaza, marchou sobre São Salvador com mercenários Jagas, resultando em uma batalha que queimou a maior parte da cidade. A destruição da capital São Salvador fez com que o Kongo deixasse de existir.
Álvaro IX Mpanzu a Ntivila, governou apenas, um ano. Em 1670 foi derrubado pela tribo Kilanza que colocou no poder Rafael I Nzinga a Nkanga, um anti-Soyo, que acabou com a intervenção do Soyo em S. Salvador. Durante o período da guerra civil o Soyo tornou-se independente do Kongo.
Em meados de 1673, Mvemba a Nimi, sob nome de Afonso III Mvemba a Nimi reivindicou o poder e derruba Rafael I Nzinga a Nkanga que foi expulso de São Salvador.
Afonso III Mvemba a Nimi torna-se soba por um curto período até meados de 1674, foi derrubado por Miala mia Nzimbwila (Daniel I), que governou por quatro anos. Em 1678 Daniel I Miala mia Nzimbwila foi morto durante uma batalha. Sucede-lhe o seu irmão Mpanzu a Nimi (Manuel II) governou de
1678 a 1715. Ao qual lhe sucede Nkanga a Mvemba (Garcia IV) governou de 1743 a 1752. A Garcia IV Nkanga,
sucede Misaki mia Nimi (Nicolau I) governou de 1752 a 1758. Pouco ou nada se
sabe sobre estes sobas.
A capital do Kongo, São Salvador, foi destruída, os campos de agricultura incendiados. Os missionários seculares no Kongo foram expulsos, outros foram assassinados. Estes acontecimentos levaram a Coroa de Portugal pura e simplesmente a desinteressar-se e a ignorar o Kongo por mais de 170 anos.
S. Salvador- Kongo,
gravura de "Uncivilized Races" (Raças Não Civilizadas),
de John George Wood (1827-1889).
Sem o apoio e intervenção Portuguesa, o famigerado Kongo entrou em caótica decadência, destruído e incendiado por contínuas lutas fratricidas de pretendentes ao poder no Kongo, numa geral e imparável desorganização. Mercê desta incontrolável situação, a famosa capital do Congo, “A dourada S. Salvador”, também designada por “Cidade dos Sinos”, a primeira urbe do hemisfério sul, desagregou-se e desapareceu para sempre, sacrificada pelas ambições de seus pretensos e auto proclamados “reis” do Kongo.
Das antigas residências dos portugueses, o palácio do soba, a Catedral de Santa Maria, e as Igrejas de S. Miguel, de N.ª Sra. da Conceição, de S. Tiago, de N.ª Sra. do Rosário, de S. João Baptista, de S. José, do Espírito Santo, dos Jesuítas, dos Capuchinhos, só restavam ruínas, amontoados de blocos e muito capim a cobri-los. E eram raros os vestígios da acção dessa Igreja que em tempos parecera florescente.
A partir do ano 1718, os relatórios de missionários são escassos, porque estes foram cada vez mais escassos no Kongo. A falta de missionários e padres portugueses, deve-se à natural relutância dos capuchinhos em enviar mais gente para o “Matadouro” do Kongo. Por isso, é possível que entre 1718 e 1763 não se conheça bem a exacta sucessão dos sobas no Kongo, nem as circunstâncias de como eram elegidos.
No entanto, pode inferir-se o facto de nesse período de 1718 e 1763, ter havido apenas três sobas Manikongos: o soba Manuel Mpanzu Nimi (1718 – 1730); o soba Sebastião (1730 – 1743), e o soba Garcia Nkanga a Nvandu (1743 – 1752).
Em 1764 Pedro V Ntivila a Nkanga cujo governo durou 12 meses, foi derrotado pelo kilanza, Nkanga a Nkanga (Álvaro XI). A soba Violante, de Wandu região dos Dembos, foi em ajuda de Pedro V Ntivila a Nkanga e atacou São Salvador. Apesar desta ajuda, em 1764 Pedro Ntivila a Nkanga abandonou a cidade arruinada, fugiu para Inzundo e refugiou-se na Fortaleza de Lovata na área de Mbamba, onde permaneceu até à sua morte.Nkanga a Nkanga (Álvaro XI) da tribo Kinlanza, após ter derrubado Pedro V Ntivila a Nkanga apoderou-se do poder, de 1764 a 1778, criando inimigos nos seus muitos opositores de várias tribos no Kongo, com fundamento em que deveria ser um Kimpanzu e não um Kinlaza a estar no poder.
Em 1766, o soba Álvaro XI Nkanga a Nkanga reconstruiu "em parte" a cidade destruída, São Salvador, e o sobado viveu "alguma" estabilidade até 1778. Álvaro Nkanga a Nkanga morre em 1778. Em 1779 foi eleito Mpasi a Nkanga (José I) da tribo Kinlaza. Este não pôde tomar posse do governo até 1781 quando dispôs de um "exército" suficientemente forte. José I Mpasi a Nkanga solicita ajuda aos portugueses. A Coroa de Portugal, mais uma vez, vai em ajuda do Kongo e envia uma missão de quatro missionários portugueses que partiram de Loanda em 2 de Agosto de 1780: O Padre Mestre Fr. Libório da Graça religioso de S. Bento; O Padre Mestre Rafael Castello de Vide religioso reformado do Nosso Padre S. Francisco da Província da Piedade; O Padre Dr. André do Couto Godinho presbítero do hábito de S. Pedro e o Padre João Gualberto de Miranda religioso da Terceira Ordem da Penitência do Nosso Padre S. Francisco.
Os últimos três subscrevem um relato da viagem publicado nos “Anais do Conselho Ultramarino”, certamente redigido pelo missionário Rafael Castello de Vide, uma vez que o missionário Libório da Graça faleceu durante a viagem. Este grupo de missionários chegaram à presença do soba José I Mpasi a Nkanga a 30 de Junho de 1781. Há mais de 50 anos que não havia padres em São Salvador. Durante os oito anos que estes missionários estiveram ali, ministraram 380 000 Baptismos.
Baptismos em São Salvador.
Também o Padre Dr. André do Couto Godinho acabou por falecer no Kongo. O missionário Rafael Castello de Vide escreveu mais tarde um livro com a descrição de toda a missão que durou oito anos (1780-1788), manuscrito com o título “Viagem do Congo” do Missionário Fr. Rafael de Castello de Vide, Bispo de S. Tomé em 1788” que se encontrava inédito em português na Biblioteca da Academia das Ciências; e traduzido para italiano e publicado por Marcellino da Civezza com o título “O Congo” na Storia Universale delle Missioni Francescane, 7, 4 (1894). Na época também foram publicadas algumas cartas por Luis Silveira missionário português no Kongo, e algumas cartas do missionário João Gualberto de Miranda.
Em Mbamba Lovata a tribo Kimpanzu voltou a contestar e a reclamar o poder do sobado do Kongo, o que levou novamente a um conflito entre as duas tribos, os Kimpanzu contra os Kinlaza, culminando em uma batalha decisiva fora da capital São Salvador, que foi uma vitória para o Kilanza, José I Mpasi a Nkanga, e confirmou o seu governo. José Mpasi a Nkanga, morre em 1785. Foi sucedido por seu irmão Ndo Mfunsu (Afonso V) de 1785 a 1787, da tribo Kinlaza em Nkondo. Afonso V Ndo Mfunsu, governou apenas dois anos, a sua morte repentina, possível envenenado por seu sucessor que pretendia o poder, causou um período de turbulência dentro do Kongo que não terminaria, os confrontos tribais de 1678 a 1803, levaram a guerras civis contínuas por mais de meio século, levando a Coroa de Portugal a desinteressar simplesmente do Kongo por mais de 160 anos.
Gravura de "Uncivilized Races" (Raças Não Civilizadas), J. G. Wood.
Em 1792, Npanzu-a-Mabandu apresentava-se como soba regedor do Kongo. A 17 de Março de 1792, o Governador de Angola, Manuel de Almeida e Vasconcelos de Soveral, recebeu uma embaixada enviada por Npanzu-a-Mabandu que pedia um missionário capuchinho para o nomear soba do Kongo. Em Agosto do mesmo ano, 1792, partiram de Loanda os capuchinhos italianos Giuseppe Maria da Firenze e Raimondo da Dicomano. O frade capuchinho Raimondo estava incubido de nomear Nepanzu-a-Mabandu (Aleixo I) soba do Kongo, acabando por ficar como refém do soba que morreu pouco depois. Aleixo Mabandu falhando na sua autoridade sobre as tribos, quase não tinha para comer, governou apenas um ano de 1792 a 1793, após a sua morte, sucedeu-lhe Joaquim I, que governou o Kongo igualmente um ano, de 1793 a 1794, pouco ou nada se sabe deste soba, nem como ocorreu a sua eleição. Continuava a guerra civil causada pelas rivalidades tribais.
Ao soba Joaquim I, sucede Henrique II Masaqui ma Ampanzu, de 1794 a 1803, também, pouco ou nada se sabe deste soba, nem como ocorreu a sua eleição. Henrique Masaqui ma Ampanzu morre em 1803, aparecem dois pretendentes a soba do Kongo, os chefes tribais Garcia e Rafael.
(O Frade capuchinho Raimondo escreveu um relato da sua missão, que foi publicado em português, pelo Padre António Brásio. O original está em italiano, encontrando-se no "Arquivo Histórico Ultramarino", onde foi descoberto apenas em 1977. É um relato muito pessimista, mas que retrata a realidade, quer sob o ponto de vista material, quer sob o ponto de vista humano, quer sob o ponto de vista religioso.)
Na falta de Missionários no Kongo, Garcia Nkanga a Mvemba insistia
para Loanda para que o Governador lhe enviasse um missionário para o nomear soba.