No século XVI, por volta de 1503 ou 1504, os primeiros mercadores portugueses tiveram conhecimento de um lugar rudimentar abaixo do Kongo, onde os habitantes locais trocavam diversos artigos: pele de animais, anilhas em cobre, dentes de elefante, madeira, resina, etc., por artigos europeus”; para chegarem ao lugar tinham de passar por cima das pedras que despontavam das águas de um rio, avistando alguns indígenas locais perguntaram o nome do rio, a que os mesmos responderam "Ma-lanji Ngana" (são pedras, Senhor),"ma-lanji" significava "pedras" no dialecto kikongo. Foram os primeiros portugueses que encontraram o rio Ma-lanji e passaram a chamar Ma-lanji ao local". Foi nesta região que os portugueses construíram uma pequena Igreja.
Tinham como missão a possibilidade de actuação missionária, a evangelização e baptismo do Soba Kiluanji kia Samba, como ele havia pedido, o estabelecimento de entrepostos de comércio, explorar o território e fazer um relatório sobre os recursos minerais, uma vez que o Soba nos seus pedidos ao Rei dizia que em troca do envio de missionários e a ajuda de Portugal para tornar o Dongo independente do Kongo, oferecia as minas de prata de Cambambe".
Paulo Dias querendo depois retirar-se às suas embarcações foi impedido pelo chefe tribal, com o pretexto de que necessitava dele e dos seus para o ajudarem nas guerras que tinha com Kiluango-Kiakongo (Quiloango-Quiacongo), um seu vassalo rebelado, chefe tribal de uma povoação na margem do rio Sangueche em Banza Bata (M'banza Bata, em kikongo).
Com o embaixador Paulo Dyas vierão quatro religiosos da Companhia de Jesu mandados pello Padre Provincial Miguel de Torres, e pedidos pela Raynha, e Cardeal, a saber o Padre Francisco de Gouvea por superior, o Padre Agostinho de Lacerda, e dous irmãos. Quando chegarão hera ia morto o Angola Inene e reinava seu filho por nome Dambe Angola. Feslhe a saber Paulo Dyas de sua vinda, e prezente que lhe trazia dei Rey de Portugal.
Em Felner, Luiz. Angola no século XVI- documentos. p.36. Delgado, Ralph. "História de Angola". Vol.I. p. 227.
O Padre Pero Rodrigues em carta dirigida ao Padre Geral da Companhia de Jesus, Claúdio Aquaviva, detalha que em 1560: «o número de sobas conhecidos, além de muitos outros dos quais não há notícias, era de setecentos e trinta e seis».
* Santo Geral (Francisco de Borja).
Entretanto, no Kongo nada era permanente. Do ponto de vista espiritual, os jesuítas consideravam o país inteiramente perdido e em ruínas, com o povo afundado em “numerosas guerras e estúpidos erros”. Queixavam-se da qualidade dos cristãos baptizados, cujo conhecimento dos sacramentos não ia além de uma descrição das festividades que acompanhavam a concessão desses sacramentos. Eles acharam deficiente a participação das mulheres na Igreja. E, como todos os missionários na África naquela época, os jesuítas consideravam a poligamia censuravelmente desenfreada no Kongo. Nesse contexto, o pequeno grupo de jesuítas via a sua tarefa como aquela que envolvia remediar a situação. Eles começaram a pregar e baptizar pessoas em grande número. Em algum momento de Agosto de 1548, eles teriam baptizado até 2.900 pessoas em um período de vinte e cinco dias.
Após a sua morte, sucedeu-lhe o filho Nkanga a Mvemba (por baptismo, Pedro) da tribo Kanda conhecido como Kibala (Quibala) foi derrubado por seu sobrinho Nkumbi Npudi a Nzinga (Diogo).
A partir de 1549, Diogo Nkumbi Npudi a Nzinga voltado para o comércio de escravos com os franceses, holandeses, espanhóis e outros, tornou-se cada vez mais hostil aos portugueses, e os missionários sofreram as consequências do seu desfavor. Por causa de sua estreita fidelidade à Coroa de Portugal os jesuítas eram vistos com ainda mais desconfiança. Sua posição não foi ajudada por sua temeridade em questionar certas práticas que outros missionários haviam tolerado, incluindo a poligamia e a liberdade do soba de se casar com um parente próximo.
Nkumbi Npudi a Nzinga decretou a expulsão de todos os 70 portugueses e missionários do território, excepto os missionários que se acomodaram claramente ao contexto local. Os jesuítas não se qualificaram para a isenção, e assim o Pe. Diogo Gomes e seus dois companheiros restantes deixaram o Kongo no final de 1555, encerrando sua missão de oito anos no que era então o território católico da África.
Nkumbi Npudi a Nzinga decretou a expulsão de todos os 70 portugueses e missionários do território, excepto os missionários que se acomodaram claramente ao contexto local. Os jesuítas não se qualificaram para a isenção, e assim o Pe. Diogo Gomes e seus dois companheiros restantes deixaram o Kongo no final de 1555, encerrando sua missão de oito anos no que era então o território católico da África.
No Kongo o ensino do catecismo também foi enfatizado. Muito provavelmente com uma contribuição significativa do missionário Frei D. Diogo Gomes, eles facilitaram a produção de um catecismo no dialecto kikongo, que foi publicado pela primeira vez em 1556, e continuou a tradição anterior de um catolicismo independente e inculturado no Kongo. Como parte de uma estratégia de longo prazo para seu ministério, foi criada uma escola para as crianças. O missionário Jesuíta Jácome Dias, e o irmão auxiliar e mestre-escola Diogo Soveral estava totalmente ocupado nesta escola, às vezes ensinando catecismo a grupos de até seiscentas crianças, enquanto outros professores kongoleses sob sua supervisão davam aulas de leitura e escrita. “O fruto mais real que obtivemos do nosso trabalho veio da educação das crianças que encontramos”, relatou o superior da missão.
O capitão Paulo Dias por sua vez os pediu tão decididamente, que, se lhos não concedessem, dizia não partir para Angola. O Provincial porém Jorge Serrão tinha ordem do Geral que não mandasse por então missionários, por ser pouca a esperança de se poder colher algum fruto, mas esperasse que aquela região fôsse, em boa parte, conquistada pelas armas, por isso rogava instantemente ao Santo Geral* que de Roma a ajudassea se efeituar, com encomendá-la aos Padres Leão Henriques e Luis Gonçalves; que estes sem dúvida a promoveriam eficazmente, se a isso aplicassem suas forças, e para mais o mover, lhe suplicava «se compadecesse daquêle seu filho, que era tão filho da Companhia, que sacrificava, com prontíssima vontade, a sua vida a perpétuo destêrro e cativeiro pela obediência».
Passara um ano e quatro meses, e Leão Henriques declarava ao Geral Francisco de Borja, que se trabalhava, e não pouco, em levar adiante a emprêsa angolana, mas na côrte suscitavam-se contradições. Recordava ainda que outros meios se haviam tentado para livrar Gouveia do largo cativeiro, e todos foram em vão; com a armada esperava que se conseguiria quanto se desejava".
«Reinando já o Rei Dom Sebastião manda o fidalgo Paulo Dias de Novaes nomeando-o povoador, conquistador, e governador, concedendo-lhe amplos poderes para o estabelecimento da nova conquista; e por uma provizáo de 12 de Abril de 1574 concedeu a todas as pessoas, que o governador repartisse terras conquistadas , e nelas levantasse um castelo de quinze braças em quadra, trinta palmos de alto, e cinco de grosso, e de os filiar por seus criados nos foros e moradias, que as qualidades de suas pessoas e serviço merecessem com tanto, não fossem de goração de christãos novos».
Kiluanji kia Ndambi, filho
do ngola (Ndambi Ngola), morre durante uma guerra tribal, em 1575.
Sucede-lhe como soba do Dongo, Kiluanji Kilombo kia Kasenda (Quiluanje Quilombo Quiacasenda). Os missionários dizem-no Quiacasenda.
Fundação da Cidade; Doações de Paulo Dias de Novais; Dedicação e Patriotismo; Coragem e Valor; Honra e Mérito; Instruir para Civilizar; Estorvos à Evangelização; Sustentação dos Missionários; Hesitações e Perseverança.
Em 1568, Paulo Dias de Novais recebe instruções para integrar nova Embaixada ao Dongo. Em 1571 o Rei D. Sebastião concedeu a Paulo Dias de Novais uma Carta de Doação, que lhe dava o título de "Governador e Capitão-Mor Donatário, Conquistador e Povoador do Reyno de Sebaste na Conquista da Etiópia ou Guiné Inferior" nome pelo qual o território abaixo do Kongo era, então, conhecido.
Pelos termos da Carta de Doação, Documento da Coroa Portuguesa, complementado por Carta de Foral, onde era concedida a Donataria do território, como parte do Reino de Portugal.
Paulo Dias de Novais tinha a incumbência de construir igrejas, fortalezas e de doar sesmarias para assentamento dos portugueses. É encarregado de governar as terras do Dongo, estabelecendo a paz entre os indígenas, e deveria expandir o território para Norte até às margens do rio Dande, para o sul e para o interior ao longo do curso do rio Cuanza.
"Honrado e engrandecido com esta capitania e governança, meteu Dias de Novais os ombros à dificultosa empresa. Durante três meses, aprestou uma frota de sete navios, «dois galeões, duas caravelas, dois patachos e uma galeota»; embarcou nela «setecentos homens de guerra, toda gente muito honrada e luzida»". (História da Companhia de Jesus na Assistência de Portugal, Volume 02b).
No dia 23 de Setembro de 1574, Paulo Dias de Novaes - 1º Governador e Capitão-Mor de Angola (1575-1580), levantou âncoras do porto de Lisboa, com 7 navios: duas Caravelas, dois Galeões, dois Patachos e uma Galeota, acompanhado por mais quatro religiosos da Companhia de Jesus: dois Padres, Garcia Simões, superior, e Baltasar Afonso, e dois Irmãos auxiliares, Cosme Gomes e Constantino Rodrigues, religiosos de virtude exemplar, destinados a fundadores da missão de Angola; fidalgos importantes como principais cabos e capitães: Pedro da Fonseca-parente do governador Paulo Dias de Novais; Luiz Serrão, António Ferreira Pereira, André Ferreira Pereira, Garcia Mendes Castello Branco, Manoel João, António Lopes Peixoto sobrinho de Paulo Dias de Novais; João Castanho Velez, Diogo de Ferreira hispanizado como Diogo de Errera de origem judaica, e Jácome da Cunha, na Diáspora fugidos para Portugal e convertidos à religião cristã, conhecidos por Paulo Dias como cristãos-novos. A expedição para além dos fidalgos, alguns familiares próximos, e missionários, era composta por casais um número muito limitado; alguns criados, homens solteiros quase todos jovens (muitos viriam a morrer por doença ou nas guerras com os Jagas); sapateiros, alfaiates, pedreiros, carpinteiros, agricultores, cozinheiros, padeiros, cabouqueiros, taipeiros, um físico, um barbeiro, e cerca de 700 homens de armas (soldados), cumprindo a sua palavra de ajuda ao soba ngola.
Na ilha constavam ainda algumas palhotas de indígenas que se dedicavam na apanha dos búzios usados como moeda entre os indígenas e muito requeridos pelos sobas, especialmente os sobas do Kongo.
Sem demora, foram os principais da ilha, em suas embarcações, visitar às naus o governador, que logo desceu a terra, onde Paulo Dias de Novais teve conhecimento que o ngola (Ndambi Ngola) tinha morrido e foi sucedido por seu filho Kiluanji Kia Ndambi. "Uma Historia Inédita de Angola".
«levantando-lhe dito soccorro se conseguiria seu intento do trato e commercio e o mais que pretendia». Quando Paulo Dias chegou pela segunda vez a Angola, soube que ngola (Ndambi Ngola) tinha morrido e que lhe tinha sucedido seu filho Kiluanji kia Ndambi que morre em 1575, e sucede-lhe Kiluanji Kilombo kia Kasenda (Quiluanje Quilombo Quiacasenda), conhecido pelos escritores portugueses mais antigos como Angola Quiloange ou Quiassamba (1575–1592). Os missionários dizem-no Quiacasenda. De "Uma história inédita de Angola".
Conta este facto Garcia Simões na carta de 20 de Outubro de 1575, assim
como o que segue da morte do Padre Francisco de Gouveia e sentimento do Rei.
Ob. cif..páginas 345-346.
Baltazar Afonso, natural de Portei, do arcebispado de Évora, entrara na Companhia de Jesus a 30 de Novembro de 1559. Depois de 28 anos de missão em Angola morreu na vila de Luanda a 29 de Março de 1603. Franco, Ano Santo, 167.
Garcia Simões diz em carta de 20 de Outubro de 1575 que aos 20 de Fevereiro
tiveram vista do porto de Luanda. Boletim e volume citado, página 340.
* Quicimas (Cacimbas, poças da água das chuvas).
Neste tempo avia ia 14 anos que o Padre Francisco de Gouvea estava como cativo do soba de Angola, por o não deixar chegar ao porto do mar dizendo que não podia viver sem eiïe. Escreverão o Governador e o Padre Garcia Simões ao dito Padre lhes mandasse dizer que modo averia pêra o livrarem daquele cativeiro, respondeo que se não falasse em fazer guerra porque corria risco a sua vida e a 'dos portugueses, e asi não se tratou por então de a fazer. Porem nem isto foy bastante para estarem muito tempo quietos, porque o demónio que nunca dorme uzando das armas de sua malícia pêra inquietar aos bons levantou a tempestade donde senão esperava".
O Padre Francisco de Gouveia retido há perto de nove anos, comia muito mal, as suas vestes desgastadas, sem se confessar e sem dizer missa, naquela terra não produzia fruto da sua missão, nem podia sair daquela terra, adoeceu gravemente, e veio a falecer a 19 de Junho do mesmo ano de 1575.
Apresentou a embaixada, e Paulo Dias a acolheu com mostras de alegria e afabilidade. «A cada coisa que o Governador dizia a seu gosto, acudiam os chocalhos e sacarilha das palmas, que estrugiam toda a gente». Dentro de três dias despediu o Moçungo, «dando-lhe uma dádiva de peças ricas».
Era o dia 29 de Junho, festa dos apóstolos Pedro e Paulo. Por êste tempo já os missionários andavam entregues ao seu apostolado, a que desde os primeiros dias se dedicaram. Era esta a sua missão. «Começaram os Padres de fazer seu ofício, prègando aos domingos, confessando a gente do mar, da terra e de S. Tome, no que se fez muito serviço a Nosso Senhor».
Imitando os costumes de Portugal no ensinamento do catecismo, juntavam aos domingos de tarde os pretos ao som de campainha, e ensinavam-lhes a doutrina cristã, «com que também se fêz muito fruto nas almas», e continuou sempre êste santo exercício na vila de S. Paulo e onde quer que moravam os religiosos da Companhia.
A 25 de Janeiro de 1576 construiu nesse monte povoação e fortaleza de taipa com sua artilharia assestada; e edificou a primeira igreja que dedicou ao mártir São Sebastião, seu Santo de devoção. A igreja era igualmente de taipa coberta de palha, «e para os tempos foi coisa que se teve por boa, capaz e airosa, com seu portal, feita com mui boa arte, com suas colunas de ladrilho». Nesse «bom sítio» se alojaram também os Padres em casas de taipa, cobertas de palha. «foi a segunda estância que tiveram em Angola» .
Em 1576, Paulo de Novais deu início à construção da Santa Casa da Misericórdia e Hospital, que durante séculos prestou cuidados de saúde aos residentes de Loanda (especializado no tratamento do escorbuto e doenças do fígado). Em 1623 foi reconstruída por iniciativa do bispo D. Simão de Mascarenhas, foi sede da Escola Médica de Loanda, e a primeira instituição de ensino superior em Angola, que teve ao seu serviço brilhantes professores de Medicina, entre outros; José Pinto de Azeredo, médico luso-brasileiro, nomeado por D. Maria I, a 24 de Abril de 1789, “físico-mor da cidade de Loanda e de Angola”. Depois de estudos na Faculdade de Medicina de Coimbra, fez especializações nas Universidades de Medicina de Edinburgh e Leiden (Alemanha). Desde 1780 Angola primou por ter os melhores profissionais de medicina, portugueses, especializados em doenças tropicais.
Em 1576, Paulo Dias
de Novais numa carta dirigida ao seu pai, fazia
uma proposta relativa à criação dum vice-reinado de Angola. Nessa carta,
evocava a pertinência da criação deste cargo para Angola. É quando Paulo Dias
inicia a definir o território como reino de Angola, dado o número de
portugueses e fidalgos residentes.
Em meados de 1578 foram avistados navios de corsários holandeses e franceses próximo à foz do rio Quanza.
O soba Kiluanji Kilombo kia Kasenda envia um mensageiro a avisar o Governador Paulo Dias de Novais que, era ciente da actividade dos piratas na costa, e de posse de informação de um plano destes à época para a invasão e conquista de Loanda-um documento coevo refere “estragos e roubos no porto de Pinda” à época era mais importante que o porto de Loanda.
Com efeito, em 1567 registara-se um ataque a São Tomé por piratas franceses e holandeses. A melhoria das condições de navegação tornava impossível ao Reino de Portugal deter o progressivo avanço dos piratas como novos senhores dos mares no Atlântico e, também, no Índico. Já antes de 1580 eram visíveis os sinais de invasão por estrangeiros para aquisição de escravos, sobretudo franceses, holandeses e espanhóis. Paulo de Novais com os seus soldados parte em direcção ao Cuanza e bombardeia os barcos piratas, causando-lhes danos e baixas estes abandonaram a costa e rumam para alto mar. Alguns dias depois os holandeses regressam e queimam os nossos navios ancorados na baía de Loanda. "Havia muito que, os piratas holandeses e franceses faziam seu comércio na nossa costa.
Partir para as missões, naquele tempo, significava enfrentar a possibilidade de morte rápida, principalmente se já não se era muito jovem, como era o caso de Pe. Barreira. O Pe. Barreira partiu, junto com o Ir. Frutuoso, a 20 de Outubro de 1579 e chegou a Luanda a 23 de Fevereiro de 1580. Trazia o encargo de ser o novo superior dos jesuítas em Angola.
"O Governador, com fracas e reduzidas forças, sessenta soldados portugueses e duzentos “cristãos negros” abandonou as margens do Cuanza e refugiou-se em Anzele, na fortificação de taipa, recém-construída em Nzele (Anzele) entre os rios Bengo e Cuanza, a cerca de 10 a 12 léguas de Luanda. Aí foi cercado por uma força de doze mil mbundus do ngola. «...e os Portugueses não serem mais de 60 e alguns 200 pretos cristãos. O cerco durou cinco meses, antes de os reforços liderados por Diogo Rodrigues chegarem a Luanda e navegaram o Cuanza para levantar o cerco".
Desbarataram a todos os gentios, os quais depois de fugidos vieram pedir as pazes ao Governador, o qual está já determinado, a não haver as minas pela paz, porque os negros lhe eram falsos assim como o soba, e todos os mais, e determina de os pôr todos à espada, indo sobre eles este Maio que virá de 80, para o qual tem pedido ajuda ao soba do Congo, e que ele lha tem prometida, e de ir em pessoa ajudar o Governador levando consigo grande exercito para destruir os ngolas...».
Alguns sobas vieram aliar-se aos portugueses, um deles era «Muchima Quitangombe» («Coração de Touro»). E foram avançando tendo como meta as minas de Cambambe.
Chegou o Pe. Barreira com este reforço, junto do Governador, no dia 24 de Junho de 1581. À sua chegada com os mantimentos, pólvora e reforços humanos, foi acolhido como um herói militar e enviado de Deus. Todos recobraram novo ânimo e nesse mesmo dia venceram uma investida do inimigo.
O Pe Barreira assim descreve este facto «... foy Nosso Senhor seruido, que nunca mais os nossos foraõ cometidos, antes foraõ sempre cometedores.»
"Foi Nosso Senhor seruido (que nada pode servir a dois senhores), que nunca mais os nossos foram cometidos, mas antes foram sempre cometedores".
Com este feito, a fama do Pe. Baltasar Barreira) tornou-se grande entre os portugueses e parece que deve ter passado também para as hostes inimigas, que o Songa «Songari a Kimona ou ainda Songarea Quemona» um dos sobas Jaga mais poderosos da margem do Cuanza, veio pedir o Baptismo para o seu irmão e seu filho morgado.
O Pe. Barreira tomou consciência de que era difícil submeter e assegurar a submissão destes sobas apenas pela força das armas, por isso, viu nestes baptismos a possibilidade ímpar de criar uma cristandade nestas terras: apresentar-se como um «Nganga» de um Deus mais forte (representante de Deus), e colaborar na sujeição político-militar e converter os chefes tribais a Deus. Por isso, aceitou estes baptismos.
Animados destes prósperos sucessos, seguindo a fortuna que os guiava, conquistaram mais de cinquenta sovados; penetrando as selvas até ao rio Lucala. Na volta do qual venceram outro exército do soba ngola Kasenda. Mortos os três principais chefes e macotas que vinham ao desempenho, alcançaram os portugueses igual Vitória à que tivera antecedente.
Muitos indígenas abandonam a submissão ao ngola Kilombo kia Kasenda, e aderem aos portugueses. Vários sobas mudaram sua aliança para Portugal e logo muitas tribos costeiras se uniram aos portugueses. Não faltou porém gentio ou soba que no ano anterior se convertera e baptizara com o nome de Paulo.
Não se faz por ora muito na conversão dos gentios, por andar tudo alvoroçado com as guerras em que andam de contínuo. Somente se ocupam em conservar os cristãos já feitos e baptizam de novo alguns meninos» . No ano seguinte exalta o fruto recolhido em Loanda e terras vizinhas. «Os Padres e Irmãos daquela Residência, escreve êle, estão bem, graças ao Senhor, ainda que alguns debilitados pela intempérie da terra, mas todos animados a trabalhar na vinha do Senhor, nem é sem fruto seu trabalho, prègando, confessando, ensinando a doutrina cristã e exercitando os mais ministérios da Companhia, assim com os portugueses, que ali residem e se ocupam com a gente da terra, pois toda a ilha de Luanda é já cristã, e o mesmo escrevem de Corimba, que é uma terra muito grande e de muitos lugares e muito povoada, na qual, poucos anos atrás, não havia um só cristão, e agora, pela bondade de Deus Nosso Senhor, não há ninguém que o não seja, tomando sua divina Majestade por instrumento de tudo isto aquêles Padres; e o mesmo que se disse de Loanda e Corimba, se pode dizer de outras terras sujeitas a senhores particulares, e sem dúvida muito mais fruto se fizera naquelas almas, se as coisas daquela conquista não estivessem tão inquietas, como estão, que parece que cada dia fazem mudança".
Em 1584, chegam a Loanda mais quatro missionários jesuítas. Nesse mesmo ano Paulo Dias de Novais faz doação à Companhia de Jesus de várias terras e um terreno na parte alta da vila, para construírem um Colégio e uma Igreja.
Foi Baltasar Afonso e encontrou a expedição que nesse ano largara de Lisboa, comandada por João Castanho Velês. Para socorrer o Governador com a urgência que pedia o apêrto, aprestaram um navio com oitenta soldados e pólvora, e, embarcando-se também o Pe. Afonso, partiram de Loanda a um de Outubro e em vinte dias chegaram, onde os aguardava Paulo Dias. «Fomos recebidos dêle, escreveu o missionário, e dos mais soldados com grande alvoroço e alegria, como quem havia três anos esperava esta hora».
Em 12 de Novembro embarcaram-se para o mesmo sítio com o resto das tropas, a levar maior socorro aos cercados, os Padres Baltasar Barreira e Diogo da Costa, que fora de Lisboa na armada. Dêste modo salvaram o Governador e uns 150 portugueses das angústias que os apertavam. Mas ainda subiu mais a dedicação dos missionários. Era nesses meses muito doentia a terra, por ser o tempo das águas, e adoeceram todos os soldados, a ponto de morrer quase metade dos que tinham chegado nêsse ano. Os religiosos é que levaram o maior pêso do trabalho em acudir a tantos enfêrmos".
"Estas jornadas pela terra adentro iniciou-as o P. Baltasar Afonso. Ia o zeloso sacerdote pelas margens do rio Cuanza, catequizando, queimando ídolos fetiches e baptizando. Num domingo prolongaram-se por seis horas as cerimónias religiosas, com administrar o baptismo a perto de quatrocentos indígenas.
Continuando sua derrota pacifica, fêz noutra povoação um baptismo de crianças, que lhe levou três horas, e, depois da festa, puseram os pretos fogo a seus ídolos, gritando a grandes vozes ao diabo que saísse de suas terras. Concluída a jornada, voltava o apóstolo a sua casa de Loanda, onde contínuos ministérios o ocupavam a ele e a seus poucos companheiros. Depois tornava animoso a nova excursão com os mesmos trabalhos e idênticos resultados.
Também os Padres, que acompanhavam o exército pelo interior da região, como sempre costumavam, faziam de quando em quando boa colheita de almas para Cristo. Com as vitórias que Paulo Dias ganhava ao longo do rio Cuanza, muitos fidalgos ou sobas se submetiam ao scetro de Portugal, e a sujeição lhes abria o caminho para abraçarem a Fé. OP. Baltasar Barreira com o zêlo que o encendia, os dispunha para a conversão".
Outro informa um pouco diversamente, e nota que assim ao longo do mar, como algumas léguas pela terra dentro, quando os anos vão bem ordenados, não chove mais que duas vezes, uma pelo Natal, outra pela Páscoa, e de cada vez pouca chuva; e, como a terra tôda é areia ou areenta e as calmas muito grandes, em poucos dias se seca tôda a erva; de modo que para sustentação do gado, por pouco que seja, são necessárias muitas léguas de terra, e em vários lugares, para o irem mudando (maço citado). Assim, pela medida, pareciam grandes as possessões; pelo rendimento eram muito pequenas. Algumas das terras, que receberam os Padres, foram no decorrer dos anos valorizadas pela indústria deles, como a das margens do rio Bengo, que se transformou em fazenda bem cultivada com boas casas e capela, e muita frescura de pomares e hortaliças. (Uma História Inédita de Angola , pág. 36, 11, 465).
"os sobas, quando mandavam aos Padres alguma parte de seu tributo, recebiam sempre dêles, como sinal de agradecimento, alguns presentes, como eram roupas de Portugal para se vestirem.Arq. S. J., Lus. 79, f. 49v". Carta citada do Padre Barreira de 1590.
"Durante o seu governo, Paulo Dias de Novaes foi confrontado com uma falta crónica de meios materiais. O governo de Paulo de Novaes, apesar de ter conquistado alguns territórios, não conseguiu satisfazer as obrigações estipuladas na sua Carta de Doação, nomeadamente no que dizia respeito à conquista territorial e à fixação de população europeia.
O Governador Paulo Dias de Novais, queria ter às suas mãos o chefe tribal Jaga, Kilombo kia Kasenda.
Óbito de Paulo Dias de
Novais
Túmulo de Paulo Dias de Novais frente à Igreja da Nossa Senhora da Vitória.
Num clima contrário à natureza dos europeus, onde predominavam epidemias mortais, o Capitão-General D. Luís Serrão, afectado por febres devastadoras faleceu em 1591, foi sepultado no cemitério na Igreja da Nossa Senhora da Vitória, em Massangano.
"Ainda se conservam no arquivo central da Companhia de Jesus cópias de mais de uma carta de doação feita por Paulo Dias".
o Governador Paulo Dias de Novais durante o seu governo e até ao ano de 1584, são avassalados cinquenta sobados “até aos confins do rio Lucala”. Após as batalhas bem-sucedidas contra os Jagas, para assegurar a ordem e a paz, é atribuído um sobado a cada um dos capitães, ficando estes sobados sob seu controlo.
Paulo Dias de Novais nos seus planos e projectos de governo era ampliar os investimentos em Angola, explorando outros sectores além do comércio, citando o cobre e a pecuária em Benguela; “e fornecer os dois mencionados gêneros”. Intenções e projectos que, posteriormente, foram retomados no século XVIII pelo Governador Dom Francisco Inocêncio de Sousa Coutinho.
DA COMPANHIA DE JESUS EM ANGOLA:
"Quanto as minas de
prata, alem das de Cambambe na província de Mosseque que são as mais nomeadas
em Purtugal tem este Reyno muitas outras em grande numero. No anno de 1590 foi
Martin Rodrigues de Godoy, mineiro de sua Majestade ao longo do rio Lucala,
aonde achou muitas minas de prata, de que trouxe mostras, fez emsayos, e tirou
prata ficando muito contente de como respondia, como consta de papeis públicos
em que assinou. Concordou Martim Rodrigues na informação com a que Diogo de
Raquena mineiro espanhol tinha dada em tempo do Governador Paulos Dias. O qual
Diogo de Raquena afora as minas de Cambambe descubrio outras quarenta minas
também de prata, a que pôs nomes, e a informação de tudo enviou a El Rey Dom
Sebastião. Porem como quer que o beneficio de minas requeira quietação, e até
agora neste Reyno não na ouve por ser o gentio buliçoso e os Purtugueses poucos
sem presídios nem povoações que possão conservar as províncias ja conquistadas,
ficão sempre enterrados tão grandes tízouros com os quaes poderá emriquecer
Portugal muito mais que com as drogas que lhe vem de outros Reynos (1).
Na provincia do Ungo que está para o sul virão alguns Portugueses grandes estatuas
de cobre que ahi se tira, e fundem os naturaes, donde trouxerão argolas de
notável grandeza. Nas províncias do Lumbo e Mosseque se tira estanho e ferro;
do estanho não usão os pretos, do ferro fazem armas, e ferramenta pera a
lavoura.
A província de Quiçama he
sequa, e de poucos palmares, mas de bons ares, e sadia. A gente mais belicosa,
e feros que ha no Reyno, peleião em campo com muito esforço e as vezes chegão a
pegar das espingardas sem temor da morte. Aqui estão as minas do sal tão
rendosas como se fosse de algum metal presiozo, por serem as outras províncias
faltas delle, e da qui correr para cilas. Este sal não he de terra mas de agoa
do mar, a qual por veas secretas vem de muitas legoas a coalhar-se nesta serra.
Serve de dinheiro aos pretos com que comprão peças, e mantimentos. O sal não
he miúdo, mas cortase nas minas em pedras, que tem de comprimento dous palmos e
meio quadradas de largura, e grossura de huma mão travessa, algumas alvas como
cristal, posto que não transparentes.
A sogeiçào de Angola depende
em grande parte da conquista do Soba em que estão estas minas. Porque como não
ha outra parte donde se tire sal senão esta, e elle he a todos tão necessário,
feita aqui huma boa povoação obrigava a muitos virem a obediência de Sua
Magestade. O primeiro Rey que se levantou nesta terra, não pode por armas
render aos Sobas da Quissama, mas empedindolhes o comercio do azeite com tomar
os portos por onde lhes hia da província da liamba que está da outra banda do
rio Coanza os fez vir a sua obediência. Asi agora avendo copia de gente e
sogeitando este senhor do sal se podia conquistar grande parte do Reyno sem
guerra somente com tolher a saca do sal que não corresse para outras partes.
(As minas de prata de Cambambe, nunca existiram, não passaram de uma grande ilusão).
Em 1633, Angola é designada como Província Ultramarina de Portugal, e consta de um diploma de 12 de Março de 1633; e foi transladada para as constituições liberais, desde 1820, que consideravam as províncias ultramarinas como parte integrante da Coroa portuguesa.
PLANTA DA FORTALEZA DE MASSANGANO:
Exterior: a Fortaleza apresenta planta quadrada, sem baluartes nos vértices. Em seus muros rasgam-se dez canhoneiras. É acedido por um túnel abobadado a partir do portão de armas, pelo lado voltado para terra. Em seu terrapleno erguem-se as edificações de serviço: Casa do Comando e Quartel de Tropa.
A face virada a terra é precedida por bateria baixa rectangular, a toda a largura do forte, com beirada de telha, moldura dos vãos, muros aprumados, acedido por rampa com guarda plena, desenvolvida em frente do portal. A praça apresenta escarpa exterior em talude, rematada em cordão e parapeito com merlões e canhoneiras, em número de quatro na frente principal e de cinco nas laterais, e liso na frente posterior.
Frente principal a N.E., virada a terra, rasgada ao centro por porta fortificada em arco, de moldura terminada em cornija, ladeado por lápides inscritas, e com o parapeito alteado, formando espaldar curvo, rematado em volutas e integrando brasão com as armas de Portugal; lateralmente é coroado por dois pináculos piramidais sobre plintos.
Interior: a partir do portal desenvolve-se trânsito, flanqueado por duas alas que formavam as dependências do forte, de planta rectangular, correspondentes à casa do comando e quartel. Os edifícios são em alvenaria de pedra aparente, com vestígios de reboco e caiação, sendo acedidos a partir do trânsito, para onde também se abriam janelas, por vãos em arco abatido, com molduras terminadas em cornija contracurva. Junto à entrada do trânsito, abre-se, na ala esquerda, pequeno nicho em arco. Na fachada posterior do edifício, virada ao rio, o vão do trânsito, com rampa de acesso até à parada, é ladeado por janelas em arco abatido sem moldura, uma em cada ala. O edifício é contornado por caleira. Junto a algumas canhoneiras, conserva ainda peças de artilharia. Descrição, ano 1961.
"NO
DIA 18 DE AGOSTO DO ANO 300 DA RESTAURAÇÃO DE ANGOLA, ESTIVERAM AQUI O
GOVERNADOR GERAL JOSÉ AGAPITO DA SILVA CARVALHO, OS REPRESENTANTES DO EXÉRCITO
DA MARINHA DE GUERRA, DOS DESCENDENTES DE SALVADOR CORREIA E DE TODAS AS
CLASSES SOCIAIS DA POPULAÇÃO AFIRMANDO AS SUAS HOMENAGENS Á MEMÓRIA DOS QUE TÃO
HEROICAMENTE RESISTIRAM NESTE BALUARTE Á INVASÃO HOLANDESA, O QUE PERMITIU A
INTEGRAÇÃO DEFINITIVA DE ANGOLA NA SOBERANIA DE PORTUGAL".
Fortaleza de Massangano, quartel militar ano 1963.
A Igreja da Nossa Senhora da
Vitória, saqueada e destruída pelos holandeses.
Altar original da Igreja da Nossa Senhora da Vitória.
São Sebastião à direita, Nossa Senhora da Vitória ao centro, São Paulo à esq.
Interior da Igreja da Nossa Senhora da Vitória.
De planta rectangular composta por nave e capela-mor contrafortadas, interiormente com iluminação axial e unilateral, tendo adossado torre sineira e, à fachada direita, corpo rectangular, suportado exteriormente por poderosos contrafortes e com uma imponente torre sineira.
No interior a nave possui coro-alto, de que só subsistem os grossos pilares de sustentação, batistério no sub-coro, do lado do Evangelho, capelas laterais confrontantes e duas colaterais, ladeando o arco triunfal, de estrutura semelhante, sóbria e talvez do período da fundação da igreja, em alvenaria rebocada e pintada, com arcos de volta perfeita sobre pilastras, tendo no interior nicho à face de igual modinatura, excepto o colateral da Epístola, que tem perfil curvo. Na capela-mor a parede testeira tem retábulo-mor barroco, em alvenaria rebocada e pintada, de planta reta e três eixos, com tribuna entre dois nichos, sobre portas de acesso à zona posterior. Este destaca-se pela sua estrutura e elementos decorativos, mais eruditos, com os eixos definidos por colunas torsas e estípites assentes em plintos e consolas. A ausência de cantaria na região leva a que a estrutura das capelas, e retábulos sejam de alvenaria com reboco relevado e pintado, de que subsistem ainda vestígios significativos e relevadores da sua anterior riqueza decorativa.
Na parte de trás da Igreja de Nossa Senhora da Vitória, foi ainda construído um cemitério onde foram sepultados 19 missionários Capuchinhos, falecidos por doença durante o Governo de Paulo Dias de Novais. Nele foi também sepultado o Capitão-Mor D. Luís Serrão, em 1591. E outros portugueses que morreram em Massangano, durante a ocupação holandesa, 1641 - 1648.
Entre 1641 a 1648 a Igreja de Nossa Senhora da Vitória foi saqueada e destruída pelos corsários da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, e seus aliados Jagas. E reconstruída no século XVII. Foi classificada como Monumento Nacional por Decreto Provincial Nº 81, Boletim Oficial Nº 20 de 28 de Abril de 1928.
o Município de Luanda erige uma Cruz Monumento em Honra a Paulo Dias de Novais-.
Na base da Cruz uma lapide com a inscrição:
"DO MUNICÍPIO DE LUANDA A
PAULO DIAS DE NOVAIS
1560-1960".
Igreja dos Jesuítas e Colégio.
Av. de Paulo Dias de Novais, 1958,Marginal de Luanda.
Ó Nosso Capitão! Teu porto vê-se ao perto!
Olhos que à quilha firme tornam, dessa nau forte e audaz;
Ó sangue pátrio e brio —
A ti se desfraldam bandeiras — a ti se dirige este
hino!
Entre rio navegado e areal encontrado
foste âncora firme em terra pousada.
— Nesse longe que nada tinha — edificaste fanal da nossa Grei;
e dela seu primeiro timoneiro —.
Ó nosso
Capitão! levanta-te — Eis a mão de quem te ergue!
Aqui, nosso Capitão! Aqui, meu pai gentil!
Vê a multidão que na costa te aclama —
Nesse clamor das praias, nesse dobrar dos sinos;
de mares longínquos, que a cada instante, murmuram teu nome,
que em pedra foi gravado.
Não mais voltastes de onde aportaste — Quem foi Pátria nunca morre —
Tens em ti o pendão do império de Portugal —
Nosso pulso — continua firme — segurando
amarra da tua nau,
que encerra glória, honra e brio — e não conhece
périplo findo!