A 10 de Agosto de 1482 chega a Benguela, onde se deteve,
e faz a exploração da costa que se tornou inóspita com areias
falsas e rochosa:
A 28 de Agosto de 1482, a 150 km sudoeste de Benguela, prolongou o
reconhecimento da costa até um pouco a sul do cabo, primeiro baptizado Cabo de
Santo Agostinho, e logo rebaptizado "Cabo de Stª Maria"-a 13º 26'
lat. S - elev 218m -.
Precisamente, no dia de Santo Agostinho, assinalado de
igual forma no calendário, 28 de Agosto daquele ano, Diogo Cam chantou o seu 2º Padrão, o
"Padrão de Santo Agostinho",
seguido de celebração de uma missa, foi a primeira missa a sul do território que os portugueses denominaram Angola.
Padrão de Santo Agostinho, no Cabo de Santo Agostinho (Cabo de Stª Maria).
Baía e Cabo de Santo Agostinho (Cabo de Stª Maria).
A expedição continuou 100 Km para Sul, devido ao espesso nevoeiro que não
permitia a navegação de reconhecimento, Diogo Cam deu por terminado o trajecto.
De volta a casa, regressa ao estuário do Rio Poderoso (rio Zaire) para
recuperar os emissários portugueses, como indicado deveriam de estar no
local do "Padrão de São Jorge" junto à foz do rio, não tendo encontrando os emissários, Diogo
Cão determinou de acolher alguns daqueles indígenas que entravam e saíam de um
dos navios e levar quatro (4) desses kongoleses
para o Reino de Portugal.
Dirigindo-se ao Manisoyo chefe tribal da localidade, e, tentando fazer-se compreender deixa mensagem para ser entregue ao Soba Mwenekongo "no prazo de 15 luas (15
meses) regressava para recuperar os emissários portugueses e entregar os 4
congoleses com bens e riquezas". Iniciava-se assim as relações diplomáticas e comerciais entre portugueses
e os indígenas no Kongo, sobre as quais iam assentar os fundamentos da nossa
Província Portuguesa de Angola.
No início de Janeiro de 1483, Diogo Cam iniciou a viagem de regresso ao Reino. Aporta à ilha de Ano Bom. Chega a Lisboa em inícios de Abril de 1483. Foi recebido pelo Rei D. João II e teve mercê, privilégios e honras. O Rei D. João II, agracia Diogo Cam pelos serviços prestados, e o elevou à nobreza. Teve mercê de Armas Novas por Carta de 14 de Abril de 1484.
Armas de Diogo Cam,
são de verde, com duas colunas de prata, rematadas cada uma por uma cruz ,
de azul e firmadas sobre dois montes, moventes de um terreiro, tudo de sua
cor;
timbre: as duas colunas do escudo passadas em aspa e atadas de verde.
Brasão de Armas de Diogo Cam.
2ª EXPEDIÇÃO DE DESCOBRIMENTOS DE
DIOGO CAM (CAÃO),
1485-1486:
A 6 de Agosto de 1485, Diogo Cam obedecendo a novo mandado do Rei D. João II, parte com três Caravelas para outra viagem de Descobrimentos, levando de retorno os quatro congoleses, cumprindo a sua palavra. Nesta expedição integravam Navegadores, todos nobres: Pêro Anes foi um dos primeiros povoadores da Ilha de Santa Maria, Açores, onde constituiu família. Pêro Escobar que juntamente com Fernão do Pó e João de Santarém, viria a descobrir as ilhas de São Tomé (21 de Dezembro de 1471), Annobón (1 de Janeiro de 1472), Príncipe (17 de Janeiro de 1472). Pêro Escobar foi o Piloto da famosa Caravela Bérrio na épica viagem de Vasco da Gama à Índia; Diogo Ribeiro cosmógrafo, cartógrafo e fabricante de engenhos náuticos, além de profundo conhecedor da construção naval, ao serviço do Rei.
Antão Gonçalves Explorador, Navegador e nobre da Casa do Infante Dom Henrique, militar Cavaleiro, e Comendador da Ordem de Cristo;
Gonçalo Álvares Explorador português que participou activamente na Era dos Descobrimentos, a partir da segunda viagem de Diogo Cam, em 1497 comandou a nau São Gabriel na épica viagem de Vasco da Gama à Índia, e em 1505, a bordo da frota de Francisco de Almeida – primeiro vice-Rei da Índia portuguesa – navegou para sul no Atlântico até onde "a água e até vinho congelou", e descobriu uma ilha que recebeu o nome dele, Ilha Gonçalo Álvares. Posteriormente, foi rebaptizada pelos britânicos, Gough Island, que se apoderam dela no século XIX. Gonçalo Álvares ocupou o cargo de piloto-chefe da navegação para a Índia e o Mar Oceano até à sua morte em 1524.
Pêro da Costa, Álvaro Pires, João Alves, Diogo Pinheiro, Gonçalo Alves, e João de Santiago um dos melhores Pilotos de Navegação há época, viria a integrar a expedição de Bartolomeu Dias.
Na expedição integravam ainda soldados católicos, e missionários: Padre Frei João Vicente dos Anjos, Capelão da Congregação de São João Evangelista do Convento de Santo Eloy em Lisboa -, e Missionários do Convento de Catarina de Santarém: o Padre Frei Francisco da Cruz, e dois irmãos Sebastião dos Anjos, diácono, e Frei Diogo.
A Expedição chegou ao Congo em Novembro do
mesmo ano 1485. Desembarcam na Ponta do Padrão. O Manisoyo com o seu kilombo foi saudar os portugueses.
O Manisoyo soba de Pinda (Soyo), o mais velho, sentado, e seus vassalos,
ouvindo o Navegador Diogo Cam.
Diogo Cam na intenção de contactar o Soba Mwenekongo, a frota subiu o curso do Rio Poderoso, que pensava levar à banza do Soba Mwenekongo, atingindo o extremo navegável do Rio até às cataratas de Yellala, que ficam a cerca de 150 quilómetros da foz, perto de Matadi.
Ali, encontrava-se uma comitiva enviada pelo Soba Mwenekongo, trocaram os
quatro congoleses pelos emissários portugueses que tinham ficado na sua
primeira viagem. Ofereceu aos indígenas alguns produtos portugueses, que muito apreciaram.
Ali descobriu que existiam dois grandes
sobados um chamava-se Loango e estendia-se a norte e leste do estuário do Rio,
e o outro Bakongo que detinha as terras à volta da foz do Rio e mais a sul.
Os quatro congoleses vinham satisfeitos com o trato que haviam recebido em
Portugal. Vestidos como os portugueses, calçados, bem alimentados, falando a língua
portuguesa e sabendo ler e escrever. Nenhum elemento dessas tribos: nem Soba maior, nem Soba menor, não
tinham o mínimo conhecimento e, muito menos uma noção de ideia sobre a escolarização. Estes quatro congoleses
viriam a ser os primeiros embaixadores e intérpretes entre a civilização
Lusitana e o Congo.
Por sua vez, os emissários portugueses também
tinham adquirido, por si próprios, o conhecimento do dialecto local. Durante dois anos de paragem na região, Diogo Cam
conseguiu um bom entendimento com os indígenas, e houve ensejo para o Capelão
da Congregação de S. João Evangelista do Convento Lisbonense de Santo Eloy -, o
Padre Frei João Vicente dos Anjos, de aprender o dialecto kikongo. Continuava-se
a prática, iniciada no tempo do Infante D. Henrique, da formação dos
intérpretes, que permitiam um contacto mais íntimo entre Descobridores e os
gentios.
Em fins de Novembro de 1485, junto às cataratas de Yellala, deixou inscrições gravada na pedra que testemunha a sua passagem e a dos seus homens: as gravuras são compostas por o Escudo de Portugal, constituído pelas cinco quinas, uma Cruz da Ordem de Cristo e seguinte escrita em Gótico:
"Aqy chegaram os navios do esclaricydo Rey dom Joan ho segº de Portugall: Dº Caão Pº Ãns Pº da Costa".
(“Aqui chegaram os navios do esclarecido Rei D. João ll de Portugal: Diogo Caão, Pero Anes, Pero da Costa”).
Numa outra rocha assinam: Álvaro Peres, Pêro Escobar, João de Santiago, Gonçalo Álvares, Diogo Pinheiro, João Alves, Antão.
Mais abaixo na pedra lateral gravaram uma cruz reduzida por cima de Dº Pinheiro (Diogo Pinheiro) quer dizer que o navegador se encontrava afectado por doença, morreu durante a viagem!
E ainda noutra rocha o nome Gonçalo Álvares aparece a seguir a uma cruz e à expressão da doença, para assinalar a sua morte, esta inscrição foi feita posterior às outras inscrições depois da morte do Navegador Gonçalo Álvares em 1524.
Pedras de Yellala - Rio Congo ( Zaire).
Ilhota na confluência do rio M'Pozo com o rio Congo, em Matádi.
Diogo Cam continuou viagem ao sul, ao longo da costa, dominada
por montanhas rochosas e deserto, e foi dado nomes aos locais: explorou a Angra de João de Lisboa (Lucira
Grande), situada abaixo do Cabo de Stª Maria. Contornou o Cabo do Giraúl, Ponta Redonda, na baía de Moçâmedes a 106 e
77 milhas náuticas, e 195 e 142 Km do
Cabo de Santo Agostinho (Cabo de Stª
Maria) e do Cabo Stª Marta.
Costa do Namibe-Angola.
Cabo do Giraúl, na baía de Moçâmedes.
A 18 de Janeiro de 1486 chegou ao Monte do Cabo Negro em Moçâmedes, a norte da Baía de Porto Alexandre (Tombua) à latitude de 15º 42' S, chantou o seu 3º Padrão no Cabo Negro, assim baptizado por Diogo Cam devido à cor negra das rochas e das areias do Cabo.
Padrão original colocado por Diogo Cam no Cabo Negro, em 18 de Janeiro de 1486.
Padrão no Cabo Negro.
Baía dos Tigres,
assim chamada pelo forte silvar dos ventos semelhante ao uivo dos tigres.
Costa Iona-Namibe-Angola.
Costa Iona-Namibe-Angola.
Continuando a viagem, por mais 1.400 quilómetros, Diogo Cam percorreu os litorais ao longo da costa do Namibe-Angola, já em parte explorada durante a viagem anterior, e chegou tão ao sul quanto possível.
Em fins de Janeiro de 1486, a 200 km do sul de Angola contorna um promontório que denomina Capa Fria (Cabo Frio) situado na costa norte da Costa dos Esqueletos em Damaralândia, (actual Namíbia), a paisagem deu lugar a um litoral árido, inóspito, sem rios para abastecimento de água, nem alimentos, onde espessos nevoeiros cobriam recifes traiçoeiros e bancos de areia escondidos, criando uma armadilha mortal para qualquer navio encalhado - eles haviam chegado à famosa Costa dos Esqueletos.
É uma zona extremamente árida – não há uma única árvore ao longo dos mil quilómetros de costa! Ao sul da Costa dos Esqueletos, Diogo Cam avista uma série de colinas a que os seus marinheiros chamaram "Serra Parda", cerca de 22º de lat., austral. Continua viagem até ao cabo que baptiza Cabo da Cruz. Diogo Cam foi o primeiro europeu a descobrir e visitar esta vasta área.
Costa dos Esqueletos.
Serra Parda na região de Spitzkuppe - Erongo,
a cerca de 60 km a norte de Hentiesbaai e 120 km a norte de Swakopmund.
Em Fevereiro de 1486, à latitude de 22º austral Sul, Namíbia, e longitude 13º 57' Este, no promontório rochoso e gelado, que Diogo Cam baptizou "Cabo da Cruz", chantou o seu 4º e último dos seus padrões, com a seguinte transcrição em Latim:
«A mundi creatione fluxerunt ani 6684 et a Christi nativitate 1485 quum excelentissimus serenissimusque Rex d. Johanes secundus portugaliae per iacobum canum ejes militem colunam hic situari jussit».
Em português; «Era da criação do mundo de 6685 e de Cristo de 1485 o excelente e esclarecido Rei Dom João II de Portugal mandou descobrir esta terra e colocar este padrão por Jacobum Canum (Diogo Cam), cavaleiro de sua casa».
«Era da criação do mundo de bjm bjc lxxxb e de xpto de IIIclxxxb o eycelente esclarecido Rei dom Jº s.º de Portugal mandou descobrir esta terra e poer este padram por dº cam cavº de sua casa».
Padrão original do Cabo da Cruz (Cape Cross) chantado por Diogo Cam em Fevereiro de 1486. Foi "levado" pelos alemães em 1893, e exposto no Museu de História de Berlim.
Réplica do Padrão do Cabo
da Cruz.
Estas terras não tinham bons lugares para aportar e
conseguir alimento e água. A situação era desesperadora, alguns dos seus marinheiros morreram por doença, outros estavam fragilizados por falta de alimentos.
Diogo Cam após ter chantado o seu último Padrão no Cabo
da Cruz, em Fevereiro de 1486, a falta de alimentos faz Diogo Cam regressar a casa, desapontado por não ter alcançado o Oceano Índico. No entanto o conhecimento obtido durante estas Viagens de Expedição, sobre as linhas de longitude, a navegação e tempos, o clima, a geografia dos territórios encontrados rochosos, áridos, sem rios para abastecimento de água, nem alimentos, e os obstáculos encontrados, foram de grande utilidade para a Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia. Com esta informação são feitas novas cartas de navegação a partir do Cabo Bojador delineando a costa ocidental africana, com um cálculo ao extremo sul de África.
No regresso ao Reino, Diogo Cam passa por M’Pinda (Sogno), dispôs uma
comitiva da sua guarnição que se dirigiu à banza do Kongo, distante cerca de 200
km. Tiveram uma óptima recepção.
O soba
Mwenikongo Nzinga Nkuwu recebeu com o maior alvoroço a embaixada portuguesa e
os quatro kongoleses que regressavam de Portugal. Apresentou-se com um toucado
tecido de fibras de palmeiras de onde pendia uma espécie de crina,
descalço, com uma tanga igualmente tecida de fibras de palmeiras (palha) presa
na cintura.
O soba MweniKongo, Nzinga Nkuwu.
A banza do soba Mwenikongo, Nzinga a Nkuwu, ao centro a palhota do soba.
(banza, significa kimbo ou aldeia onde habita o soba).
Os kongoleses que tinham regressado do Reino de Portugal serviram de
intérpretes entre os portugueses o soba manikongo Nzinga Nkuwu e outros
indígenas. O Rei D. João II integrou esses kongoleses numa embaixada ao soba manikongo, ofertando-lhe a sua amizade e convidava-o à fé cristã,
recomendando-lhe que deixasse os "ídolos e feitiçarias" que adoravam.
O Navegador e Capitão Diogo Cam cumpriu a sua palavra de devolver à terra natal
os quatro kongoleses com riquezas como havia dito; bem tratados, bem
alimentados, vestidos, calçados, sabendo ler, escrever e falar português. O manikongo estava encantado ao ouvir os quatro kongoleses contarem
maravilhas do tratamento que haviam recebido e do novo mundo de civilização e
cultura entrevisto no Reino de Portugal. Destacou um grupo dos seus vassalos
para acompanharem os portugueses a fim de serem educados em Portugal,
instruídos e baptizados na fé cristã. E manifesta também o desejo de ser
instruído na fé cristã e receber o baptismo, como o seu filho Nzinga-a- Mbemba
e seus principais vassalos. Ao mesmo tempo que um dos quatro kongoleses que
regressavam de Portugal, abriu a primeira escola no Kongo.
"Disposto a abraçar a fé de Cristo, foi a sua
vez de mandar sua embaixada ao Rei D. João II, representada pelo congolês
"Nsaku" em português (Caçuta), [...], homem muito principal e a ele
mui aceite, que depois de ser cristão, houve nome D. João da Silva [...], o
qual trouxe a el-rei [D. João II] um presente de muitos dentes de elefantes e
coisas de marfim lavradas, muitos panos de palma bem tecidos e com finas cores.
O soba do Congo, mandou pedir a D. João II que lhe mandasse logo frades e
clérigos e todas as coisas necessárias para ele e os de seus reinos receberem a
água do baptismo; [...] pedreiros e carpinteiros [...] e também lavradores para
lhe amansarem bois e lhe ensinarem a aproveitar a terra e assim algumas
mulheres para ensinarem as de seu reino a amassar o pão, porque levaria muito
contentamento por amor dele que as coisas de seu reino se parecessem com as de
Portugal . O soba enviou também alguns moços do seu sobado para que em
Portugal aprendessem a língua, os costumes e a religião dos portugueses."
(ibidem: 643) Garcia de Resende (1470-1536).
"O grupo de kongoleses escolhidos pelo soba Nzinga Nkuwu, levados por
Diogo Cam para o Reino de Portugal, foram apresentados ao Rei de Portugal D.
João II que, ordenou o seu envio para a missão em Beja (Convento de São Francisco), onde seriam instruídos no ensino escolar, na língua
portuguesa, na fé Cristã e baptizados. E, com efeito, durante todo ano de 1490, seguiram-se
outros enviados do soba Nzinga Nkuwu para Portugal, aprendendo o
português, os mandamentos da fé Católica, os costumes da sociedade
portuguesa, e baptizados."
(Eventos registados por Rui de Pina (1440-1523) cronista
e diplomata português ao serviço do Rei D. João II, foi incumbido de várias
missões diplomáticas).
Lisboa.
Nos fins de 1486 ou início de 1487, Diogo Cam regressa a casa, e terá igualmente participado em missões de patrulhamento de forma a
assegurar o cumprimento das suas cláusulas, após a assinatura do Tratado de
Alcáçovas-Toledo, em 1479. De facto, mesmo após a assinatura deste Tratado, a
exclusividade portuguesa no comércio e navegação da Costa Africana não estava
totalmente salvaguardada, os piratas espanhóis continuavam a invadir as zonas da exclusividade do Reino de Portugal e as terras descobertas pelos portugueses.
Diogo Cam cumprira a missão dos Descobrimentos e a missão de dilatar o Cristianismo, tal como
fora determinado por sua Majestade o Rei de Portugal, pelas bulas do Papa
enviadas a Portugal.
O Grande Navegador Português explorou mais de 1400 milhas de litoral desconhecido. Em boa parte dele navegando contra a
corrente de Benguela e os ventos alísios de Sudeste. Principalmente ao longo
das costas de Angola e Namíbia. Foi o
primeiro europeu a descobrir e a explorar a costa da África entre o Cabo de
Santa Catarina a 1º 40' lat. S ( Gabão), e o Cabo da Cruz (Cape Cross) na
Namíbia.
Descobriu o Rio Poderoso (rio Zaire), o Kongo, explorou a zona baixa do rio
Poderoso (rio Zaire) e descobriu todo o litoral da costa de Angola, onde
chantou três Padrões. Descobriu a Namíbia, navegou ao longo da Costa dos Esqueletos, e continuou,
até, onde o tempo permitiu ao "Cabo da Cruz" (Cape Cross) onde
chantou o seu 4º e último Padrão. E
baptizou os lugares que descobriu e por onde passou. Nas duas expedições de
Descobrimentos, Diogo Cam navegou cerca de 2 253, 0816 km.
OS LUGARES DESCOBERTOS E BAPTIZADOS POR DIOGO CAM
AO LONGO DA COSTA:
Ao longo da costa sul de Africa visitou, explorou e baptizou, entre
outros:
- "Ponto Negro" (Loango).
– "As Duas Moutas"
– "Serra da Praia Formosa de São Domingos" – (Loango);
" Rio das Moutas – (Cabinda);
– " – (Molembo/Cabinda);
– "A Ponta Branca" –
(Lândana/Cabinda) 5º 13’ lat. S.
– "A Ponta da Barreira Vermelha" – (Cabinda) 5º 14’ lat. S.
– "Capo do Paul" – (praia da Moanda/Cabinda, junto a foz do
Zaire) 5º 56’ lat. S.
– "Rio Poderoso" – (rio
Zaire) 06º 02' lat. S.
– "Mouta Seca" – (foz do rio Zaire, em Sogno /Soyo);
– "Cabo do Padrom" – (Ponta do Padrão) 6º 4’ lat. S. ( Na Mouta Seca, Soyo).
– "Capo Redondo" –
(Ambrizete) 7º 14’ latitude S.
– "Rio da Madalena" – (rio Loge e baía adjacente a Ambriz), lat.
7º 48’ 40’’ S.
– "Rio de Fernam Vaz"–
(rio Dande), 8º 28’ lat. S.
– "Angra Grandim" – (baía da foz rio Bengo), 8º 44´52’’ lat. S.
ilha das Cabras” – (ilha de
Luanda)
– "Morro Alto" – (Morro da lua, na margem do rio Quanza), lat. 9º
19’ S.
– "Terra de Duas Pontas" – (Sangano), 9º 33’ lat. S.
– "Rio do Paúl" – (rio Catumbela), 12º 26’ 42” lat. S.
– "Angra de Stª Maria" – (baía de Benguela), 12º 35’ 24” lat. S.
– "Canel Dalter Poderoso" – (rio Caporolo), lat. 12º 53’ S.
– "Capo do Lobo" – (cabo de Stª Maria), latitude 13º 25’ S.
– "Angra de João de
Lisboa" – (baía de Lucira Grande) latitude
14º 52 ' S.
– "Pontalvo" - (ponta da baía das Salinas em Porto
Alexandre/Namibe), 14º 11’ lat. Sul.
As terras descobertas por Diogo Cam até ao Cabo da Cruz, e as terras descobertas por Bartolomeu Dias estas abaixo do Cabo da Cruz até ao Cabo da Boa Esperança e seguintes, foram assinaladas pelo cartógrafo alemão, Henricus Martellus Germanus, em 1489, na carta/mapa mundi "Illustratum Insularium".
–"Rio Poderoso" – (Rio Zaire).
–"Pota de Padron" – (Ponta do Padrão).
–"Capo Retundo" – (Cabo Redondo, em Ambrizete).
–"Rio de fernam Vaz" – (rio Dande).
–"Ponta Alta" – (morro da Lua/ margem do rio Quanza).
–"Cabo S. Laureci"–(Cabo S. Lourenço / Benguella à Velha,
Porto Amboim), 10º –45’ lat. S.
–"Golfo de Stª Maria" (Angra de Stª Maria /Praia morena de
Benguela).
–"Cabo de S. Augustini" – (Cabo Stª Maria).
–"Cabo Zorto" – (pontal do Saco Giraúl na baía de Moçâmedes
/Namibe)
–"Terra Fragosa" - (costa marítima de Moçâmedes a Porto
Alexandre).
–"Monte Negro" – (cabo
Negro).
–"Terra Alta" – (Porto Alexandre/Namibe).
–"Enseada" – (baía dos Tigres/Namibe).
–"Arena Braca" – (dunas da baía dos Tigres/Namibe).
O célebre Duarte Pacheco Pereira, Cavaleiro da Casa do Rei D. João II, navegador e cosmógrafo português,
em "Esmeraldo de situ orbis" ano 1505, assinala os lugares
descobertos e baptizados por Diogo Cam:
–"Rio do padrão" - (rio Zaire).
–"Rio de Mondego" - (rio Bengo).
–"Ilha das Cabras" - (ilha de Luanda).
– "Ponta das Camboas"- ( cabo de S. Brás, lat. 9º 58’ 30” S.)
–"Ponta de São Lourenço" - (Benguela à Velha, Porto Amboim).
–"Angra de Santa Maria" - (baía da praia morena de Benguela).
–"Ponta Preta" - (cabo de StªMaria).
–"Monte Negro" - (cabo Negro).
–"Angra das Aldeias" - ( Porto Alexandre (Tombua).
–"Manga das Areias" - (enseada baía dos Tigres).
–"Ponta das Pedras" - (baía de Porto Alexandre(Tombua).
–"Mendoos" - (dunas do Namibe).
"O esforço é grande e o homem é pequeno
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar. "
III. Padrão - Fernando Pessoa.
A casa onde nasceu Diogo Cam, chamada Cása-do-Arco. Onde nasceu, viveu e morreu o Grande Navegador Diogo Cam.
Túmulo de Diogo Cam na igreja de São Domingos, em Vila Real,
onde o seu sarcófago simples está exposto na arcadura da nave do lado do Evangelho.
Catedral de São Domingos em Vila Real. A Igreja de São Domingos, actual Sé, foi mandada construir, juntamente com o convento com o mesmo nome, no séc. XV, a mando dos religiosos de São Domingos, de Guimarães. A nível arquitectónico recebe influências de dois estilos: o Românico, que é o mais visível, bem patente na robustez e austeridade das suas linhas, e o Gótico. Na sua fachada podem ver-se imagens de S. Domingos, e S. Francisco de Assis. Em 1837 sofreu um grande incêndio que dizimou a maior parte do património que detinha no seu interior. A torre foi acrescentada no séc. XVIII, e os vitrais foram colocados durante as últimas obras de intervenção (2001-2005). Está aberta diariamente ao culto.
Catedral de São Domingos em Vila Real.
OS PADRÕES DE DIOGO CAM:
O Padrão de São Jorge erguido por Diogo Cam na Mouta Seca (Soyo) Ponta do Padrão, na Baía de Diogo Cam, ao tempo da descoberta do Congo em 1482, foi destruído pelos calvinistas, quando estes ocuparam o estuário do rio Zaire e região do Sogno (Soyo), Santo António do Zaire. Em Maio de 1645 é descoberta a proeza praticada pelos calvinistas chegados ao Zaire, quando a primeira missão dos Padres Capuchinhos chegou ao rio Zaire, com bulas do Papa Urbano VIII, para coadjuvar a evangelização do Congo e Angola, os missionários visitaram o local do Padrão e ali só encontraram os destroços, nos quais se liam ainda algumas palavras das inscrições e legendas de Diogo Cam. São desses primitivos e veneráveis destroços os restos do Padrão de Diogo Cam que actualmente se conservam na Sociedade de Geografia de Lisboa.
Esta lamentável proeza ocorreu depois de 1641. (Assim o contam nos interessantes livros, publicados mais tarde, especialmente Cavazzi (Istorica Descrittione, 1. III, § 20, da edição de Bolonha, 1687) e Merolla (Relazione del viaggio, Nápoles, ed. de 1726, pág. 48).
Fragmento da base do Padrão original de São Jorge, chantado por Diogo Cam em Abril do ano 1482. Sociedade de Geografia de Lisboa.
Depois da Restauração de Angola, os portugueses puseram no seu lugar uma Cruz muito alta de madeira, segundo a afirmação de Cavazzi, no lugar citado.
O Padrão viria a ser reconstruído durante o Governo de Salvador Correia de Sá, permaneceu até 1852 altura que foi destruído pelos ingleses. Em 1892, o Governador de Angola Jaime Lobo de Brito Godins mandou erigir nova réplica do Padrão, que permaneceu até 1932, na Ponta do Padrão, destruído pelas águas do rio. Os Portugueses iniciam a reconstrução da 3ª réplica do Padrão, mais afastado do rio, inaugurado em 30 de Junho de 1938 pelo então Presidente da República, General António Óscar de Fragoso Carmona.
3ª réplica do Padrão de São Jorge inaugurado em 30 de Junho de 1938,
pelo Presidente da República, General António Óscar de Fragoso Carmona.
Padrão de São Jorge, chantado na Ponta do Padrão, Soyo, estuário do rio Zaire